
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu retirar o país do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), alegando que o órgão atua contra os interesses do país. A medida foi anunciada em uma Ordem Executiva assinada em 3 de fevereiro, na qual Trump critica a postura do conselho em relação a Israel e aos palestinos.
Segundo o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Williams Gonçalves, Trump considera os Estados Unidos o país mais importante do mundo e não admite ser prejudicado de forma alguma. Ele rejeita qualquer organismo ou acordo que ele julgue prejudicial aos interesses americanos.
Na Ordem Executiva, Trump menciona que os Estados Unidos ajudaram a fundar a ONU após a Segunda Guerra Mundial para promover a paz e prevenir conflitos globais. No entanto, ele alega que algumas agências e organismos se afastaram dessa missão e agem contra os interesses dos EUA, atacando aliados e propagando o antissemitismo.
A saída dos EUA do conselho ocorreu na mesma semana em que Trump sugeriu que os palestinos fossem realocados para outros países, em meio aos ataques israelenses que assolaram Gaza nos últimos meses.
De acordo com Gonçalves, a principal questão que motivou a saída dos EUA do conselho foi a crítica ao tratamento dispensado por Israel aos palestinos. Trump acredita que qualquer crítica a Israel é, de certa forma, uma crítica aos Estados Unidos, dada a forte aliança entre os dois países.
Reações
Israel anunciou que seguirá os passos dos EUA e também deixará o Conselho de Direitos Humanos da ONU. O chanceler israelense, Gideon Sa’ar, elogiou a decisão de Trump e afirmou que o órgão “demoniza obsessivamente” seu país.
A relatora especial da ONU para Israel e os Territórios Ocupados Palestinos, Francesca Albanese, classificou a saída de Israel do conselho como “arrogante”. Organizações como a Anistia Internacional condenaram a saída dos EUA do conselho, destacando a situação crítica dos palestinos em Gaza.
Consequências
Para o analista Mauricio Santoro, a saída dos EUA do conselho terá consequências tanto em termos de representatividade quanto de financiamento. A ONU, que muitas vezes opera com orçamentos apertados, pode sofrer com a falta de contribuição dos Estados Unidos.
Santoro também aponta que a saída dos EUA pode influenciar outros países alinhados com Trump a seguirem o mesmo caminho. Ele destaca a criação de uma “franquia política” baseada no modelo do presidente americano, o que pode gerar um impacto global.
Novas dinâmicas
O professor Antonio Jorge Ramalho da Rocha lamenta a postura dos Estados Unidos em relação ao Conselho de Direitos Humanos, destacando que o país está se distanciando dos valores que o fundamentaram após a Segunda Guerra Mundial.
Rocha acredita que o vácuo deixado pelos EUA pode ser uma oportunidade para outros países, como os da União Europeia e do Sul Global, assumirem um papel de liderança na defesa dos direitos humanos a nível internacional. Ele destaca que é fundamental que os países que valorizam esses princípios apoiem o conselho e suas ações.
Diante dessas mudanças, resta aguardar como a comunidade internacional reagirá e quais serão as novas dinâmicas no cenário global em relação aos direitos humanos.
Fonte: Agência Brasil
Já segue o macuxi nas redes sociais? Acompanhe todas as notícias em nosso Instagram, Twitter, Facebook, Telegram e também no Tiktok