Professor aponta responsabilidade humana em tragédia



Tragédia em 446 municípios gaúchos: a responsabilidade humana por enchentes

O professor Roberto Reis, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), trouxe à tona uma reflexão preocupante em relação à tragédia que assola 446 municípios do estado. Em entrevista realizada nesta quarta-feira (15), Reis apontou que a ação do homem foi fundamental na ocorrência desses eventos.

A influência das construções em áreas de alagamento

Segundo o especialista, a construção desordenada em locais inadequados, como áreas de alagamento, aliada à falta de manutenção adequada em diques de contenção e barreiras anti-alagamento, contribuíram significativamente para a intensidade da tragédia. Reis ressaltou que essas estruturas, erguidas na década de 1970, jamais passaram por uma manutenção adequada, o que potencializou os danos causados pelas enchentes. Ele enfatizou que, embora as chuvas intensas sejam um fenômeno natural, a responsabilidade pelos impactos da tragédia recai sobre os administradores estaduais e municipais.

O papel de Porto Alegre como área suscetível a alagamentos

Nesse contexto, o professor mencionou o caso de Porto Alegre, caracterizada como uma região de várzea, sujeita a alagamentos recorrentes devido à sua proximidade com o Lago Guaíba. Reis destacou que a ocupação do homem em áreas vulneráveis contribui para a perpetuação desse cenário desolador. Ele enfatizou que é crucial adotar medidas efetivas, como a correta manutenção de diques de contenção e sistemas de prevenção, para evitar novas tragédias no futuro.

A influência do volume de chuvas nas enchentes

Outro ponto relevante foi a análise do professor Rodrigo Paiva, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sobre o volume excessivo de chuvas na bacia do Guaíba como fator determinante para as cheias. Paiva explicou que as fortes precipitações desde abril causaram elevações abruptas nos rios da região, culminando em uma situação de calamidade. A demora no escoamento das águas nas áreas de planície agravou a situação, levando a um recorde de níveis no Lago Guaíba.

Impacto das cheias na região de Porto Alegre

A longa duração para a redução do nível das águas, especialmente no Rio Jacuí, demonstrou a complexidade do cenário enfrentado. Paiva ressaltou que, apesar dos estragos causados pelas enchentes, as áreas de várzea atuam como reservatórios naturais que mitigam os impactos nas regiões urbanas. No entanto, ele alertou para a necessidade de investimentos em infraestrutura e planejamento para prevenir futuras tragédias semelhantes.

Em conclusão, a combinação entre a ação do homem e os eventos climáticos extremos evidencia a urgência de medidas preventivas e um olhar mais atento para a preservação do meio ambiente e da segurança da população. A tragédia que assola o Rio Grande do Sul serve como um alerta para a importância da gestão responsável do território e do enfrentamento das mudanças climáticas.


Já segue o macuxi nas redes sociais? Acompanhe todas as notícias em nosso Instagram, Twitter, Facebook, Telegram e também no Tiktok