Parlamentares do Brics criticam guerra tarifária dos EUA


Parlamentares do Brics criticam guerra comercial promovida pelos EUA

Parlamentares dos países que compõem o Brics, em reunião realizada em Brasília, na terça-feira (3), expressaram críticas à guerra comercial desencadeada pelas tarifas impostas unilateralmente pelos Estados Unidos, impactando os mercados globais desde abril deste ano.

Presidente do Brics sedia 11º Fórum Parlamentar em Brasília

O Brasil, na condição de presidente do Brics em 2025, sediou o 11º Fórum Parlamentar do bloco, que reuniu presidentes das comissões de relações exteriores de 15 países, incluindo membros permanentes e parceiros do principal bloco de economias emergentes do mundo.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidiu a reunião e enfatizou a importância de aumentar o comércio entre os países do Brics, além de criticar as medidas tarifárias unilaterais adotadas pelos EUA.

O parlamentar destacou a preocupação com o aumento de medidas protecionistas injustificadas e inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), incluindo o uso abusivo de políticas verdes para fins protecionistas.

Compromisso do Brics com o multilateralismo

Apesar do cenário global menos cooperativo, o Brics mantém seu compromisso com o multilateralismo, buscando soluções em conjunto com outros países para os desafios globais. Enquanto o bilateralismo e unilateralismo buscam acordos entre dois países ou apenas um, o multilateralismo visa construir soluções conjuntas para problemas comuns.

A presidência do Brasil no Brics ocorre em meio à expansão do bloco e ao início do novo mandato de Donald Trump, caracterizado por posturas contrárias ao multilateralismo, favorecendo soluções bilaterais ou unilaterais.

Mentalidade da Guerra Fria e unidade do Brics

O vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento chinês, deputado Wang Ke, alertou para a volta da mentalidade da Guerra Fria no mundo, com alguns países buscando impor interesses por meio de intimidação unilateral. Ele defendeu a unidade do Brics para enfrentar essa situação e fortalecer a cooperação no Sul Global.

Representantes de outros países, como os Emirados Árabes Unidos, também ressaltaram a importância de construir pontes entre os povos e buscar soluções em que todos possam ganhar, em contraposição à ideia de ganho unilateral.

Uso de moedas locais e reforma de instituições internacionais

A Indonésia, membro permanente do Brics, defendeu o uso de moedas locais para o comércio entre os países do bloco, visando fortalecer a resiliência econômica diante dos desafios recentes. Essa proposta tem sido criticada por Trump, que busca manter a hegemonia do dólar no mercado global.

Representantes da África do Sul e da Nigéria também destacaram os benefícios de integrar o Brics e defenderam a reforma das instituições internacionais, como a OMC, o FMI e o Conselho de Segurança da ONU, visando equilibrar a influência dos países desenvolvidos e promover um comércio mais justo e equilibrado.

O representante nigeriano no BRICS expressou a importância de diversificar os canais de comércio, tornando os países menos dependentes dos mercados internacionais. Essa declaração foi feita durante a última reunião do bloco, que conta com membros permanentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de países parceiros como Cuba, Bolívia e agora a Indonésia.

No contexto da América Latina, o Brasil se destaca como membro permanente do BRICS, juntamente com Cuba e Bolívia, que são membros parceiros. Entretanto, a Argentina, que já foi membro permanente, foi retirada do bloco pelo presidente de ultradireita Javier Milei. O parlamentar boliviano Felix Ajpi Ajpi ressaltou as oportunidades de investimento em seu país, que possui grandes reservas de lítio, um mineral essencial para a indústria na transição energética.

A adição de Cuba como membro parceiro este ano foi enfatizada pelo vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do país, Alberto Nuñez Betancourt, como um desafio para a hegemonia ocidental. Ele destacou a importância do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do BRICS, que já possui cerca de 100 projetos financiados totalizando US$ 33 bilhões, visando apoiar países da África e América Latina com condições mais favoráveis em comparação com as impostas pelo FMI.

O BRICS expandiu sua composição ao incluir novos membros permanentes no ano passado, como Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. Este ano, a Indonésia tornou-se membro permanente e no futuro, em 2025, nove países foram incluídos como membros parceiros: Belarus, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. Essa ampliação visa fortalecer a cooperação e os investimentos entre os países do bloco e do Sul Global.

O BRICS tem se consolidado como um importante ator no cenário internacional, promovendo uma alternativa ao unilateralismo e à hegemonia ocidental. Com a diversificação dos membros e a expansão dos projetos financiados pelo NBD, o bloco busca impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico de seus integrantes, contribuindo para um mundo mais multipolar e equilibrado.

Essas informações são cruciais para entendermos o papel do BRICS na atualidade e como a cooperação entre países emergentes pode impactar positivamente o comércio internacional e o desenvolvimento sustentável. A diversificação dos canais de comércio e investimento é fundamental para reduzir a dependência de mercados externos e promover a autonomia econômica dos países membros.

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