Organizações pedem reparação da França à Haiti por dívida da independência

Organizações pedem que França compense dívida histórica com o Haiti

Organizações sociais e populares da América Latina e do Caribe entregaram uma carta aberta ao governo da França, exigindo a compensação da dívida de 150 milhões de francos cobrada do Haiti pelo reconhecimento de sua independência há 200 anos. A carta, assinada por entidades como a Jubileo Sur/Américas, destaca a necessidade de reconhecimento, restauração e reparação dessa dívida com o povo haitiano.

Governo francês reconhece injustiça, mas não promete compensação financeira

Nesta quinta-feira, o governo francês reconheceu a injustiça cometida contra o Haiti e anunciou a criação de uma comissão para analisar a história da dívida. No entanto, não mencionou qualquer compensação financeira imediata para o país caribenho, que enfrenta uma grave crise humanitária, com mais da metade da população sofrendo com fome aguda e problemas de segurança em sua capital, Porto-Príncipe.

A Anistia Internacional também reforçou a necessidade de compensação, destacando que os efeitos da dívida da independência persistem até os dias atuais no Haiti. A diretora da organização, Erika Guevara Rosas, ressalta a obrigação legal da França, sob o direito internacional, de fornecer reparações e lidar com as consequências duradouras do colonialismo no país caribenho.

Dívida histórica impacta o Haiti até os dias atuais

Segundo a Anistia Internacional, o Haiti chegou a gastar 80% de seu orçamento nacional com o pagamento da dívida externa em 1900. Ao longo da história, governos haitianos e a Comunidade de Países Caribenhos (Caricom) têm demandado compensações à França pela dívida da independência, que ainda tem impactos significativos na nação.

Em 17 de abril de 1825, o Haiti assinou um acordo com a França, sob pressão da frota francesa, para obter o reconhecimento de sua independência após 21 anos de bloqueio econômico. Especialistas apontam que a pesada dívida imposta à nascente república contribuiu decisivamente para a atual situação de extrema pobreza do país.

França reconhece “fardo pesado” da dívida pela independência

O presidente Emmanuel Macron, do governo francês, reconheceu que a dívida imposta pelo Rei Carlos X foi um “fardo pesado” para o Haiti. Macron enfatizou a importância de reconhecer a verdade da história e se recusar ao esquecimento e apagamento, anunciando a criação de uma comissão conjunta franco-haitiana para examinar o passado e propor recomendações para construir um futuro mais pacífico.

No entanto, o presidente Macron não mencionou a possibilidade de reparação financeira, como é exigido pelas organizações políticas e sociais do Haiti, América Latina e Caribe. A dívida histórica entre França e Haiti continua sendo um tema sensível e urgente para muitas entidades e populações afetadas.

Haiti: da mais lucrativa colônia a nação independente

O Haiti, considerado a colônia mais lucrativa do mundo no século 18, conquistou sua independência em 1804, tornando-se a primeira nação negra livre e independente da América Latina e Caribe. Após uma sangrenta guerra contra as potências coloniais, o país enfrentou anos de bloqueio econômico até ser reconhecido como nação soberana.

A dívida imposta à nação haitiana consumiu recursos fiscais e comerciais significativos, forçando o país a contrair empréstimos para cumprir um acordo considerado injusto pelas organizações latino-americanas e caribenhas. A luta pela reparação histórica segue sendo uma pauta fundamental para garantir a justiça e a memória do povo haitiano.

Fonte: Agência Brasil

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