
Governador da Bahia pede investigação sobre operação policial que resultou em 12 mortos
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, solicitou que a Polícia Civil investigue um possível exagero por parte da Polícia Militar na operação que culminou com a morte de 12 suspeitos de integrar uma facção criminosa em Fazenda Coutos, no subúrbio de Salvador, na terça-feira (4). A declaração foi feita durante uma transmissão ao vivo na internet sobre o balanço do carnaval na Bahia, na noite de quarta-feira (5).
“Nós pedimos que todo o estudo seja feito para averiguar se houve algum exagero pela polícia”, afirmou Rodrigues. “O estudo está acontecendo para a gente poder averiguar se há algum exagero”, completou.
A operação policial que resultou nas 12 mortes ocorreu após relatos de uma invasão promovida por um grupo armado de uma organização criminosa na região de Fazenda Coutos.
“Essa comunidade tinha sido violentada e, por muito tempo, durante dois dias a comunidade estava se queixando com a polícia, mandando pedidos de presença. E a inteligência detectou através de câmeras a disputa de duas facções. Uma delas, se colocando como vencedora, ganhou espaço e queria mandar, proibindo as pessoas de circularem, e de imediato a Polícia Militar estudou a área, mas eles enfrentaram a polícia e, por conta disso, 12 tombaram”, afirmou o governador.
Investigação em curso
Após a tragédia, o Ministério Público (MP) da Bahia iniciou um procedimento para investigar a atuação da Polícia Militar. Os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp) estão responsáveis pelo procedimento.
No dia seguinte, o MP se reuniu com as Secretarias de Segurança Pública (SSP) e de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), juntamente com o comando das polícias Militar e Civil, para discutir os encaminhamentos das investigações sobre a intervenção policial.
“Estamos em interlocução direta com as autoridades policiais e forças de segurança, acompanhando todos os passos da investigação, com o Gaeco e o Geosp, no levantamento das informações, principalmente das perícias, para que todas as circunstâncias sejam apuradas com a devida transparência”, afirmou o procurador Geral de Justiça e chefe do MP da Bahia, Pedro Maia.
Análise do cenário
Após o ocorrido, o Instituto Fogo Cruzado ressaltou a importância de repensar a política de segurança pública no estado. Dados compilados pelo Fogo Cruzado mostram que esta foi a 100ª chacina em Salvador e na Região Metropolitana desde o início do levantamento de dados na Bahia, em julho de 2022. Destas ocorrências, 67% envolvem policiais, resultando em 261 mortes.
Para a coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, Tailane Muniz, os números indicam a necessidade de uma política de segurança que proteja todos os cidadãos.
“Quando 12 pessoas morrem numa ação policial, fica claro que a prioridade é o confronto e não a proteção. Os moradores da região enfrentaram mais de sete horas de um intenso tiroteio, o transporte público suspenso, e a pergunta que fica é: quais os resultados disso? O que vai mudar depois de tanto tiroteio e tantas mortes? Os dados de chacina ajudam a entender que mesmo com tanta morte ainda carecemos de uma política eficiente e que dê os resultados esperados pela população”, afirmou Tailane à Agência Brasil.
Fonte: Agência Brasil
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