Ex-primeira-dama do Peru recebe asilo no Brasil


Ex-primeira-dama do Peru embarca para o Brasil após condenação por lavagem de dinheiro

A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, embarcou nesta quarta-feira (16) para o Brasil após obter um salvo-conduto do governo peruano para se refugiar no país. Heredia, esposa de Ollanta Humala, ex-presidente do Peru, foi condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro.

Condenação e solicitação de asilo

Após o veredito, o Ministério das Relações Exteriores do Peru informou que Heredia solicitou asilo na embaixada brasileira em Lima. De acordo com um dos advogados de Humala no Brasil, Marco Aurélio de Carvalho, Heredia tem câncer e havia solicitado permissão para viajar ao Brasil para tratamento, mas o pedido foi negado.

O governo peruano concedeu asilo diplomático a Heredia e seu filho mais novo, garantindo passagem segura e transferência para o Brasil. O ex-presidente Humala, que governou o Peru de 2011 a 2016, provavelmente cumprirá sua pena em uma base policial destinada a líderes peruanos presos.

Julgamento e acusações

O julgamento de Humala durou três anos após uma investigação iniciada em 2016. Durante o processo, o ex-presidente denunciou as acusações como perseguição política. Os promotores alegaram que Humala recebeu fundos ilícitos em sua campanha de 2011 através do Partido Nacionalista de Humala, contra Keiko Fujimori.

Mesmo com a condenação, Humala planeja recorrer da sentença. Seu advogado, Wilfredo Pedraza, classificou a punição como “excessiva” e afirmou que a defesa contestará a decisão final quando for proferida em 29 de abril.

Salvo-conduto e asilo diplomático

A presidente do Peru, Dina Boluarte, concedeu um salvo-conduto para permitir que Nadine Heredia deixasse a embaixada brasileira em Lima e viajasse para o Brasil. Posteriormente, o Ministério das Relações Exteriores do Peru confirmou que o Brasil concedeu asilo diplomático a Heredia.

O caso de lavagem de dinheiro envolvendo Heredia e Humala está relacionado à construtora brasileira Odebrecht e ao governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. Segundo a defesa de Humala, o caso apresenta “paralelos indiscutíveis” com a Operação Lava Jato.

A Justiça peruana concluiu que Humala recebeu US$ 3 milhões da Odebrecht e outros US$ 200 mil de Chávez para financiar suas campanhas presidenciais de 2006 e 2011. Além do casal, o irmão de Nadine, Ilán Heredia, também foi condenado a 12 anos de prisão no mesmo processo.

Ao final do julgamento, Humala foi detido e levado à prisão, enquanto uma ordem de prisão foi emitida contra Nadine, que não compareceu à audiência.

O ex-presidente do Peru, Ollanta Humala, foi condenado a 19 anos de prisão por envolvimento no escândalo de corrupção da Odebrecht. Além da pena de prisão, Humala também terá que pagar uma multa de 10 milhões de soles, o equivalente a cerca de R$ 15,7 milhões. A decisão foi anunciada pela justiça peruana e a defesa de Humala já declarou que irá recorrer da sentença, alegando que a mesma é “excessiva” e que os promotores não conseguiram provar a origem ilegal do dinheiro em questão.

O caso de Ollanta Humala é parte do escândalo de corrupção da Odebrecht, que também envolve outros ex-presidentes do Peru. Alan García, que se suicidou em 2019 para evitar sua prisão, Alejandro Toledo, condenado a 20 anos de prisão por receber propinas, e Pedro Pablo Kuczynski, atualmente em prisão domiciliar, são alguns dos nomes ligados ao caso. Humala foi o primeiro ex-presidente peruano a ser julgado nesse contexto.

Em 2011, Humala venceu as eleições ao derrotar Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori. Keiko também foi presa por mais de um ano em um processo relacionado à Odebrecht, porém posteriormente a decisão foi anulada pela justiça. Em uma entrevista à agência EFE em fevereiro deste ano, Humala negou ter recebido propina da construtora e sugeriu que o dinheiro poderia ter sido desviado pelo ex-diretor da empresa no Peru, Jorge Barata.

A alegação de Humala é de que, se houve algum repasse de dinheiro para sua campanha, teria sido através de um desvio de Barata, e não de propina direta da Odebrecht. A defesa do ex-presidente reforça que a acusação não conseguiu provar a origem ilegal do dinheiro que teria sido destinado à campanha de Humala. A sentença de 19 anos de prisão e a multa milionária são vistos como um desfecho impactante para o ex-presidente, que agora terá que recorrer da decisão para tentar reverter sua situação.

A imagem de Ollanta Humala antes de ser preso em audiência, em 15 de abril de 2025, ilustra a magnitude do caso e a repercussão que a condenação teve no país. Com a sentença de 19 anos de prisão, Humala se torna mais um nome importante ligado ao escândalo de corrupção da Odebrecht no Peru. A defesa do ex-presidente terá um longo caminho pela frente para tentar reverter a decisão da justiça e provar a inocência de Humala diante das acusações que pesam sobre ele.

Em um cenário político marcado por escândalos de corrupção e prisões de ex-mandatários, o caso de Ollanta Humala se destaca pela dimensão das acusações e das penas aplicadas. A condenação do ex-presidente por envolvimento no esquema da Odebrecht revela a profundidade da corrupção que atingiu as esferas do poder no Peru e a necessidade de se combater de forma efetiva e rigorosa esse tipo de crime.

A justiça peruana segue investigando outros casos de corrupção ligados à Odebrecht e outros setores do governo. A condenação de Ollanta Humala é mais um capítulo nessa saga de combate à corrupção e de punição aos responsáveis por desvios de recursos públicos. Resta agora aguardar os desdobramentos do recurso interposto pela defesa de Humala e acompanhar de perto os desdobramentos desse caso que segue gerando repercussão no país e no cenário político internacional.

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