
Desastre da Braskem: Moradores de Maceió Sofrem com Impactos Socioeconômicos
A saudade, por onde quer que olhe, passou a estar nas palavras e também no silêncio do vendedor de churros Valdemir dos Santos, de 54 anos. O maceioense, morador do bairro do Flexal de Cima, que sofre com isolamento socioeconômico pela desocupação causada pelo desastre da Braskem, tem a casa e a vida com rachaduras desde 2018.
Impacto Socioeconômico em Maceió
No dia 3 de março daquele ano, houve o primeiro tremor de terra causado pela exploração de sal-gema pela mineradora. Mais do que as rachaduras em espaços da casa, um impacto tem sido ainda mais difícil de lidar: o econômico, quase sete anos depois que a vida virou pelo avesso.
Saiba mais sobre o caso Braskem.
Documentário “Ainda há moradores aqui”
Histórias como a de pessoas como Valdemir, que permanecem em suas residências e vítimas do desastre causado pela mineradora em Maceió, têm destaque no filme documentário “Ainda há moradores aqui”, de 42 minutos de duração.
A obra será lançada nesta terça (25), às 19h, no Teatro Deodoro, em Maceió. Um debate com moradores de áreas atingidas sucederá a exibição. O filme tem a direção de Tiago Rodrigues. Ele avalia que a maior parte dos brasileiros desconhece a gravidade, as causas e consequências desse crime.
Confira a página do filme no Instagram.
Risco na Borda
O defensor público de Alagoas Ricardo Melro acredita que houve um subdimensionamento da área de risco, visto que imóveis que ficam na borda desse mapa também estão com sérios problemas estruturais e passando por “extremo isolamento social”.
“Estamos fazendo contato com pessoas de fora de Alagoas e do Brasil para nos ajudar com os dados que já temos aqui. A comunidade está adoecendo com problemas de saúde mental gravíssimos, inclusive de suicídios”, alerta.

Ele explica que houve um acordo com a empresa para reurbanizar essa área na borda, o Flexal de Cima e o Flexal de Baixo. “Os moradores sabem que qualquer movimento e dinâmica social só voltariam com a população. Cerca de 80% da população pedem socorro para sair de lá”, diz o defensor.
Ações de Revitalização e Posicionamento da Braskem
Em relação às obras de revitalização no bairro do Flexal, que incluem unidade básica de saúde, creche e centro de apoio a pescadores, o Ministério Público Federal aponta que as ações estão sendo avaliadas neste primeiro semestre para verificar se o objetivo será atingido.
Em nota à reportagem, a assessoria de comunicação da mineradora Braskem alega que atua para implementação de medidas socioeconômicas para os bairros dos Flexais (de Cima e de Baixo).
“Das 23 iniciativas definidas em acordo com as autoridades, 14 já foram implementadas – como os serviços de limpeza urbana e controle de pragas, rota de ônibus e transporte escolar exclusivos e gratuitos para os moradores”.
Outro argumento da mineradora é que o pagamento de indenizações por ilhamento social já foi feito para mais de 99% das famílias, moradores e comerciantes.
Memórias e Esperanças
Enquanto isso, o vendedor de churros Valdemir dos Santos está desanimado. Uma esperança é que a história deles volte a chamar a atenção, como ocorreu com o documentário a ser lançado nesta terça e também pelo interesse da imprensa em divulgar o caso.
Pelas ruas silenciosas do bairro, ele vaga atrás de clientes e das memórias. Tem saudade do lugar em que criou os três filhos, das conversas com os amigos, do esforço para comprar a casa com a esposa há 23 anos, e até dos sonhos que ficaram para trás. “Eu tenho muita saudade da vizinhança que a gente tinha aqui. Tudo, a praça, a igreja, tudo era importante”.
Fonte: Agência Brasil
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