
Ex-presidente Jair Bolsonaro é indiciado por venda ilegal de joias durante discurso na ONU
Na mesma viagem à Nova York em que recebeu um repasse do dinheiro oriundo da venda ilegal de joias, em setembro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que seu governo “extirpou a corrupção sistêmica” do País. Segundo a Polícia Federal (PF), que indiciou Bolsonaro por três crimes no último dia 4, o ex-presidente recebeu cerca de 30 mil dólares do general Mauro César Lourena Cid em um hotel de luxo da cidade americana.
Negação e defesa
Ao Estadão, a defesa do ex-presidente negou que o repasse citado pelo relatório final da PF tenha ocorrido. A equipe de reportagem também procurou a defesa do general Mauro César Lourena Cid, mas não obteve retorno. No último dia 8, Bolsonaro disse esperar “muitas outras correções” do relatório final da PF, após os investigadores apontarem um “erro material” que definiu o valor das joias desviadas por ele e outros indiciados.
Discurso polêmico na ONU
Na ocasião do discurso na 77ª Assembleia da ONU, realizada em 20 de setembro de 2022, Bolsonaro atacou o Partido dos Trabalhadores (PT) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por conta do escândalo da Operação Lava Jato. Ele afirmou: “No meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no País.” Além disso, ele apontou números referentes a irregularidades investigadas pela Lava Jato na Petrobras.
Revelações da Polícia Federal
Segundo o relatório final da corporação sobre o caso da venda ilegal de joias, Bolsonaro se encontrou com Lourena Cid no mesmo dia em que fez o discurso na ONU. O general é pai do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator nas principais investigações que miram o ex-presidente. Os dois também foram indiciados pela PF.
Indiciamento e possíveis condenações
Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro pela venda ilegal de joias da Presidência da República. Caso seja condenado pelos três crimes, o ex-presidente pode pegar de 10 a 32 anos de prisão. Além de Bolsonaro, Lourena Cid, Barbosa Cid e outras nove pessoas foram indiciadas.
Decisões futuras e pronunciamentos
No último dia 8, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deu um prazo de até 15 dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) se pronunciar sobre um possível oferecimento de denúncia contra os investigados. O MPF decidirá se apresenta uma acusação formal à Justiça, o que pode levar à abertura de uma ação penal no Supremo. Além disso, o Ministério Público pode solicitar mais investigações ou arquivar o caso.
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