MPF denuncia responsável por assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips

MPF apresenta denúncia contra mandante do assassinato de jornalista inglês e indigenista brasileiro

Três anos após o assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou nesta quinta-feira (5) a denúncia contra o indiciado como mandante do crime, Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como Colômbia.

Contexto dos assassinatos

Os assassinatos ocorreram há exatos três anos na região do Vale do Javari, entre os municípios de Guajará e Atalaia do Norte, no Amazonas. Bruno e Dom desapareceram após passarem pela comunidade de São Rafael e nunca mais foram vistos com vida.

A denúncia foi apresentada ao juízo da subseção judiciária federal de Tabatinga (AM) pelo procurador da República Guilherme Diego Rodrigues Leal, com auxílio do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri (GATJ).

Colômbia, peruano de fato, já havia sido indiciado pela Polícia Federal (PF) como mandante do crime em novembro do ano passado. Ele encontra-se preso preventivamente.

Perfil do acusado

Segundo as investigações, Colômbia é suspeito de atuar no tráfico de drogas e chefiar uma quadrilha de pesca ilegal atuante no Vale do Javari, região de fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Além do caso em questão, ele responde a outros processos por tráfico, pesca ilegal e uso de documento falso.

Colômbia foi preso pela primeira vez ao se apresentar na sede da PF em Tabatinga, em junho de 2022, para negar participação no crime, mas acabou detido por apresentar documento de identificação falso. Após ser solto provisoriamente, foi preso novamente por descumprir medidas cautelares.

Motivação do crime

De acordo com a denúncia, Bruno e Dom foram mortos por contrariarem os interesses da pesca ilegal na região, ao promoverem a educação ambiental em comunidades indígenas.

Outros envolvidos no caso

O mandante é a nona pessoa a ser denunciada pelo assassinato de Bruno e Dom. No mesmo ano do crime, o MPF acusou Amarildo da Costa Oliveira, Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva Lima de serem os executores do duplo homicídio e da ocultação dos cadáveres.

Em junho de 2024, outras cinco pessoas se tornaram rés acusadas de ajudarem na ocultação dos corpos. São elas: Francisco Conceição de Freitas, Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira e Edivaldo da Costa de Oliveira.

Por se tratar de crime doloso contra a vida, o MPF pediu que os três executores sejam submetidos ao tribunal do júri. O pedido foi aceito pela primeira instância, mas o Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1) excluiu Oseney da pronúncia. Os procuradores recorreram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que ele também seja levado a júri popular.

Jefferson e Amarildo aguardam julgamento presos preventivamente. Oseney cumpre prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.

Perfil das vítimas

Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos a tiros em 5 de junho de 2022, em Atalaia do Norte, no Amazonas, quando visitavam comunidades próximas à Terra Indígena Vale do Javari, segunda maior área do país destinada ao usufruto exclusivo indígena e que abriga a maior concentração de povos isolados em todo o mundo.

Dom Phillips, nascido na Inglaterra em 1964, mudou-se para o Brasil em 2007. Trabalhou como correspondente de publicações britânicas, como o jornal The Guardian, com destaque na cobertura da região amazônica e na preservação ambiental. Ao desaparecer, coletava material para um livro sobre a Amazônia.

Bruno Pereira, nascido no Recife em 1980, era indigenista concursado da Funai. Após se opor ao desmonte de políticas ambientais e liderar ações contra o garimpo ilegal, foi exonerado da Funai. Militava pela defesa da floresta na União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

O livro que Dom pretendia escrever foi finalizado por amigos e lançado como “Como Salvar a Amazônia” na última semana.

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