25% dos estudantes não declaram raça no Censo Escolar

Um a cada quatro estudantes não teve raça declarada no Censo Escolar em 2023

Recentemente, foi divulgado que um em cada quatro estudantes das escolas brasileiras não teve a raça declarada no Censo Escolar em 2023. Esse dado preocupante chamou a atenção de organizações educacionais, que lançaram uma campanha com o objetivo de incentivar a declaração racial já na hora da matrícula nas escolas. Segundo a campanha, ter essas informações sobre os estudantes é fundamental para combater as desigualdades raciais que ainda persistem no país.

Censo Escolar e a importância dos dados

O Censo Escolar é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e é a principal fonte de dados sobre a educação básica no Brasil. Em 2023, o país contava com 47,3 milhões de alunos matriculados em escolas públicas e privadas, sendo que 25,5% desse total, mais de 12 milhões, não tiveram sua raça declarada, o que representa um desafio para a análise e implementação de políticas educacionais mais justas e inclusivas.

“Tem várias crianças sem declaração de raça e isso impacta no fluxo decisório em relação a infraestrutura, a organização dos processos de ensino e aprendizagem, no atraso do país como um todo em superar as desigualdades, que são fruto do processo de racialização”, afirma Alessandra Benedito, vice-presidente de Equidade Racial da Fundação Lemann.

Campanha Estudante Presente É Estudante que se Identifica

A Fundação Lemann é uma das entidades que lançaram a campanha Estudante Presente É Estudante que se Identifica, com o objetivo de sensibilizar famílias, gestores escolares, secretarias de educação, professores e estudantes para a importância da declaração racial dos alunos no momento da matrícula. Essa ação visa garantir que essas informações sejam registradas corretamente, permitindo a implementação de políticas mais eficazes no âmbito educacional.

Mobilização e importância das ações afirmativas

De acordo com Alessandra Benedito, a mobilização deve envolver desde os funcionários das secretarias das escolas até os diretores e gestores, destacando a necessidade não apenas do preenchimento correto, mas também da análise e implementação dos resultados. Essa abordagem é essencial para a tomada de decisões mais qualificadas e inclusivas.

Geovanny Silva, coordenador de finanças do Movimento Negro Unificado no Distrito Federal (MNU/DF), ressalta a importância de ter dados confiáveis para combater o racismo e implementar ações afirmativas, como a política de cotas no ensino superior. Ele destaca que os dados do Censo Escolar são fundamentais para embasar políticas públicas que visam reparar as desigualdades históricas enfrentadas pela população negra.

A campanha Estudante Presente É Estudante que se Identifica pode ser acessada no site oficial. Diversas entidades, incluindo a Fundação Lemann, Associação Bem Comum, Nova Escola, Centro Lemann, Motriz e Reúna, estão à frente dessa iniciativa, que conta com parcerias importantes para promover a declaração racial nas escolas.

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